23
mar
09

a falta que a cultura faz

Em Recife, respira-se cultura, fato.

Em São Paulo nem tanto.

E eu, boa recifence que sou, ando sentido falta dessas doses intelectuais de vez em quando.

Mesmo que não fossem de intelecto absoluto, nossas visitas quase frequentes à Livraria Cultura sempre nos fazia respirar a arte. Um café cultura, uns livros na seção de filosofia ou até mesmo GLS (sim, li algumas vezes), dvds, cds e alguns shows de blues no espaço Cultura. Por todo lugar aquela livraria era arte. Desde o carpete, até os vendedores.

Estante de Design on Flickr por marinamoreirah

E isso faz falta.

Faz falta ainda a velha passadinha na varanda do Paço Alfândega para fotografar (e admirar) o belo pôr-do-sol recifence. O marco zero, o maracatu que se ouvia caminhando para a Rua da Moeda, e uma cerveja com pastel no burburinho caía bem até pra mim que preferia a boa e velha caipirinha.

Paço Alfândega II on Flickr por marinamoreirah

Recife é arte. E o Recife está em mim…

Não é de se admirar, portanto, que eu esteja sentido essa falta absurda da cultura que encontrava lá e (nem de longe) encontro aqui.

Por isso resolvi pesquisar um pouco.

Esta tarde para os sebos, amanhã serão os museus e manifestações culturais nordenistas e por aí vai… Estou em São Paulo, isso é gigante… não é possível que nas entranhas da Paulista com a Augusta não exista se quer um café-sebo onde eu possa me enfiar no cheiro de livros velhos. Ou talvez que não haja uma única praça onde os pernambucanos famintos se juntam para tocar maracatu.

Qualquer dia volto pra contar sobre as aventuras.

E tomara que eu ache mesmo um bom lugar pra passear por aqui, além do Villa Lobos que já é de praxe, é claro.

02
mar
09

Sobre o meu sábado típicamente pernambucopaulistano

O que há de ser um sábado perfeito pra uma pernambucana que há um mês mora em São Paulo? Sei lá… mas achava que fosse algo praticamente impossível, tendo em vista que sábados pernambucanos perfeitos são completamente dependentes do fator ‘praia’ e ‘amigos’. E convenhamos.. não tenho nem um, nem outro aqui.
Mesmo assim fiz o melhor que pude para que aquele fosse um sábado extraordinário. E foi. (Aproveitando a oportunidade para dar os devidos créditos ao acaso. Se é que ele existe, ajudou bastante.)
Comecei o dia tropeçando paralelamente com um muro da memória, mas não foi qualquer muro da memória… foi aquele, o da Av 23 de Maio, o mais bonito (disparadamente) na minha opinião.
Na hora do almoço, aceitei a sugestão do meu pai de procurar um restaurante nordestino no guia Veja São Paulo – Comer e Beber. Depois de algumas páginas reviradas na seção ‘nacionais’, achei um que parecia bom: o amigos do picuí.
Restaurante nordestino, com cara de nordeste, som de nordeste (tava tocando Luís Gonzaga), e principalmente o gosto do nordeste. A carne de sol de lá, é uma das melhores que já comi na vida, diga-se de passagem. Não é a toa que o restaurante simples da Freguesia do Ó tem suas paredes cheias de reportagens e prêmios das mais conceituadas revistas do país (é o caso da Veja São Paulo)
Todos matamos a saudade do sabor nordestino. Eu, particularmente, havia esquecido do quanto eu gostava daquele purê de macaxeira com carne de sol, queijo coalho, e manteiga de garrafa. Painho comeu mais macaxeira frita do que já havia comido todas as vezes na vida.
O almoço foi ótimo, nostálgico e delicioso. Merecia uma tarde mazelada, e foi o que aconteceu. A tarde de sábado voou, numa preguiça absurda.
À noite, combinamos esta dose de saudade com outra de novidade. Saímos de casa às 21h direto para o shopping Market Place e fomos assistir Se Eu Fosse Você 2. Programa de família, feito em família.
A comédia de Daniel Filho é super deliciosa. Não vou comparar com o primeiro, pois só o vi uma única vez e foi quando lançaram no cinema… ou seja, faz muuuito tempo.
A história é praticamente a mesma do primeiro: marido e mulher trocam de corpo acidentalmente. Isto num cenário de crise no casamento, e problemas familiares. Com a gravidez/casamento da filha adolescente e o processo de divorcio correndo na justiça, eles convivem com este ‘pequeno detalhe’ da maneira mais divertida.
Não há do que reclamar no filme (e se há, tudo é esquecido pelas boas doses de riso). É uma história doce, o roteiro ficou muito bem amarradinho, as situações satirizam o dia-a-dia de forma inteligente… não há realmente nada, de que reclamar.
Sobre a atuação de Tony Ramos e Glória Pires não comentamos. Eles transformaram os personagens em humanos, não caricaturas. Tony Ramos parece mesmo uma mulher com o corpo de homem, não uma (com o perdão do vocábulo) bicha louca. Glória Pires também não fica atrás.
E não tem como esquecer a doce atuação de Chico Anysio.
No fim das contas, é um ótimo filme, super agradável. Pra mim é como o Auto da Compadecida, mais um marco da comédia brasileira.
No fim das contas, valeu meu sábado. Foi gostoso juntar um pouco da nostalgia (e monotonia) do meu velho dia-a-dia, com a agitação de uma São Paulo que realmente, nunca dorme.

25
fev
09

Carnaval em São Paulo = morrer no shopping.

Pois é, aqui não tem Recife Antigo nem Olinda, nem frevo, nem bonecos gigantes, nem troças. Fazer o que numa terça-feira de carnaval? morrer no shopping.

E assim o fiz, eu e tia Dú.
Saimos de casa direto ao shopping Jardim Sul pra pegar a primeira sessão de O Casamento de Rachel, só pra conferir a atuação que rendeu a Anne Hathaway uma indicação para o Oscar.

O Casamento de Rachel

O filme de Jonathan Demme conta a história de Kym (Anne Hathaway) que volta de uma clínica de reabilitação para participar do casamento da irmã, Rachel. Mas antigos problemas familiares acabam atrapalhando a visita.

Não há um roteiro digno de Hollywood e na minha opinião, a fotografia é uma bosta.
A filmagem quase sempre subjetiva e inquieta deixou todo mundo com uma dor de cabeça absurda ao final do filme.

Me arrependi profundamente de não ter escolhido Se Eu Fosse Você 2 como filme da vez.
É… carnaval e cinema são combinações antagônicas, definitivamente.

24
fev
09

o passado admira o futuro

Ainda ando confusa com esta cidade tão grande, por hora envolvente e agonchegante por outras desesperadora.

E quando bate do desespero de ser só mais uma atravessando o viaduto do chá (igualzinho como a gente vê nas matérias do fantástico), poucas coisas são capazes de me acalmar. Uma delas é, logo em seguida, dar de cara com algum dos murais do studio Kobra espalhados pela cidade.

Rua São Bento.
Rua São Bento, o mais próximo do viaduto do chá, eu acho.

na av helio pelegrino
Av. Helio Pelegrino (este eu ainda não vi ao vivo, infelizmente)

Eduardo Kobra e seu mural.
No Morumbi, quase sempre caminho.

Av. 23 de Maio.
Os mil metros quadrados da Av. 23 de Maio.

Estação da Luz
Estação da Luz, bela dos anos 20 até hoje.

Os grafites gigantes expostos nos muros de todo canto da cidade retratam uma São Paulo dos anos 20 – o que me faz imaginar mais ainda como deve ter sido aquela semana de arte moderna de 1922. E as imagens sempre passam uma impressão de que estamos sendo observados (ou seguidos, ou guiados) pelo nosso passado.

É gratificante passear por São Paulo e ter surpresas como esta.
(Só para informar:) O Projeto ‘Muro das Memórias’ é do grafiteiro Eduardo Kobra e sua equipe e não conta com patrocínios. Para ver mais fotografias, é só acessar o flickr do studio.




passado continua presente: